Rodeio: diversão ou maus tratos aos animais?
“Alô meu povo! Na batida da mão, no gingado do pé. Grita as crianças, gritas os homens e também grita as muié.” (Marco Brasil)
Por outro ângulo, a corda aperta. A visão, por entre barras e pernas, faz o coração disparar e os nervos aflorarem. O espaço é pequeno e às vezes parece faltar ar. A arena à frente representa liberdade, mas não explica o que há de se pagar, nem quantos pulos terá que dar.
Todo o espetáculo das festas de peão, organizado para atrair e vislumbrar os quatro sentidos humanos, não são atraentes e nem prazerosos para os principais “atores” do evento, os animais! “Ainda que, em alguns rodeios não se usem instrumentos que provoquem dor, como as esporas, só o fato de se colocar animais de hábitos diurnos em ambientes barulhentos, cheios de luzes, em corredores apertados e, depois, um ser humano sobre eles, é uma agressão evidente.”, afirma o ambientalista e coordenador do movimento que virou lei, "Sorocaba sem Rodeio", Gabriel Bitencourt.
A polêmica dos maus tratos a bois, touros e outros bichos utilizados em festas consideradas culturais, retrata outro ângulo, talvez não conhecido ou refletido por quem frequenta esses eventos. Materiais como o conhecido sedém, são apontados como causadores de dor e sofrimento aos animais. Já pesquisas feitas pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) garantem que ele não machuca os bichos. Mas não ficam só nos objetos os diversos maus tratos expostos pelos defensores dos animais. O transporte estressante e doloroso dos mesmos, o abate sem piedade e as competições de laçadas são atitudes que demonstram que algo está muito errado nesse tipo de “lazer” humano.
“O rodeio é uma forma antiga e cruel dos seres humanos se relacionarem com os animais. Uma forma de quem os vê como meros seres objetos, feitos apenas para suprir as necessidades (comida, vestuário, entretenimento....) dos humanos.”, explica Bitencourt.
Outras festas parecem ser ainda mais cruéis, como no caso das “touradas” na Espanha. A disputa sangrenta normalmente acaba com o touro caído, cheio de lanças, enquanto o heróico toureiro recebe aplausos da platéia. Mas será que para se divertir as pessoas precisam mesmo usar os animais? Para Bitencourt, por mais que se diga que as touradas representam algo importante para o turismo, para a economia e que é expressão da cultura espanhola, ela é uma das formas mais cruéis e covardes de “diversão”. Sua covardia é tanta que há cada vez mais pessoas que “torcem pelo touro”.
No meio de tanta tecnologia e opções de diversão, talvez seja preciso olhar por um outro ângulo para os bichos. Eles são seres que podem beneficiar e muito os humanos, tanto que a relação homem - animalavançou e os transformou em “membros” da família. Também não podemos esquecer que foram as pessoas que invadiram o território deles e transformaram seu modo de vida. Utilizá-los apenas para arrancar gritos de um público faminto por lazer, não deve ser uma maneira certa de recompensá-los, não que isso seja preciso. Afinal, o ser humano é capaz de se divertir sozinho, sem sofrimento, sem polêmica, nem aplausos.
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